Olá pessoal, estamos iniciando uma nova área no nosso blog, Inovação, e para isso convidamos o engenheiro e professor Paulo Manuel Dias para comentar regularmente sobre este tema. Ele irá trazer novidades e informações neste admirável mundo novo.
"A Toyota se sobressaiu na
indústria automotiva não pela tecnologia e design de seus veículos, mas pelas
práticas de manufatura diferenciadas de seu TPS (Toyota Production System -
Sistema Toyota de Produção), reunidas na forma da filosofia gerencial lean
manufacturing (manufatura enxuta). O foco do pensamento lean é eliminar toda
forma de desperdício (ou muda usando o termo japonês).
Eric Ries, que acumulou
experiência como empregado, consultor e investidor em empresas iniciantes
(start-ups), adaptou o método para a realidade particular deste tipo de
empresas, cunhando o termo lean startup. Ries foi levado a esse
pensamento principalmente pela escassez de recursos das empresas iniciantes, que
deixa pouca margem para sobreviver aos erros, e faz com que a falha no
desenvolvimento do produto ou do negócio como um todo possa representar o fim
do empreendimento. Talvez por isso menos de 5% dos novos negócios resista aos 5
primeiros anos.
Os conceitos relacionados com o lean startup estão reunidos na obra A Startup Enxuta: Como os Empreendedores
Atuais Utilizam a Inovação Contínua para Criar Empresas Extremamente Bem
Sucedidas.
Uma amostra, com as páginas iniciais do Livro A Startup Enxuta de Eric
Ries, pode ser conferida no link abaixo.
Sem a pretensão de resumir a citada obra de Eric
Ries, vamos conhecer os princípios que são nela apresentados:
Construir - Medir - Aprender: Decorrente das experiências
no ambiente de TI, Eric Ries propõem uma lógica diferente no desenvolvimento de
produtos, que embora não substitua os processos estruturados de desenvolvimento
de produtos, pode ser utilizada em paralelo.
As ideias são transformadas
em algo tangível, no passo CONSTRUIR (Build) dentro do conceito de
Produto Mínimo Viável (ver abaixo), gerando uma primeira proposta de produto.
Tendo uma primeira versão
ou protótipo do produto em mãos, no próximo passo, MEDIR, verifica-se
junto aos clientes alvo a aceitação do produto, tentando suas funcionalidades e
comprovando (ou refutando) as hipóteses geradas, o que forma um conjunto de
dados para análise.
No passo APRENDER verifica-se
o porquê do desempenho abaixo do esperado na avaliação pelos clientes, ou das
preferências dos clientes diante de diferentes opções. Decide-se então entre pivotar (ver abaixo) ou perseverar.
Produto Mínimo Viável
(Minimum Viable Product - MVP): De acordo com Eric Ries,
para testar a ideia deve-se construir uma versão do produto com a maior rapidez
e menor custo possíveis, chamado de produto mínimo viável. Tal conceito se opõe
ao método de elaborar um protótipo para testar o produto somente no final do
processo de desenvolvimento. Um MVP pode ser feito com materiais e técnicas
simples, pois é a primeira versão usada para a primeira rodada da sequência
Construir - Medir - Aprender. Deve ser elaborado para que seja suficiente para
testar as principais funcionalidades, e evita-se "dourar a pílula"
com preocupação demasiada com refinamentos, estética e perfeição das
funcionalidades, já que é esperado que conterá erros e oportunidades de
melhoria.
Pivô: No
basquete o jogador faz o movimento de pivô parando e girando para outra
direção, mantendo a sustentação pé de apoio. No lean startup usa-se este
princípio, quando após o passo medir os resultados não estão de
acordo com o esperado, e é preciso reformular, ou mudar a direção, da proposta
de valor. Em várias situações há duas opções: pivotar ou fracassar. Ver
exemplos de empresas famosas que pivotaram no último dos links abaixo.
Desenvolvimento Contínuo: Técnica
bastante utilizada na indústria de software, que consiste em manter constantes
aprimoramentos no produto, através de disponibilização de novas versões e
atualizações frequentemente, até mesmo em base diária. A natureza do software,
principalmente sistemas online, permite que as novas versões e atualizações
sejam liberadas de forma controlada, inicialmente para um número mais restrito
de usuários, que colaboram com o desenvolvimento reportando eventuais
problemas. Para serviços, mesmo não tecnológicos, o desenvolvimento contínuo
parece viável. Em uma panificadora que lança semanalmente novas opções de pães
e salgados, avaliando o feedback do cliente para continuidade. Já para a
manufatura, pela necessidade de padronização do processo, e custo de alteração
de setup e maquinários, o desenvolvimento contínuo representa um desafio maior,
que novas tecnologias de processo como a manufatura aditiva podem vir a
resolver futuramente.
Testes A/B: É um método usado em várias áreas, seja no
marketing, no desenvolvimento de software e no desenvolvimento de produtos em
geral. Consiste em criar no mínimo duas opções (A e B) daquilo que se pretende
lançar e avaliar a resposta do público alvo. Podem ser criadas mais de duas
versões. Em serviços na internet a avaliação da proposta mais atraente pode ser
feita analisando o número de cliques na opção. Para um produto físico a
internet também pode ser usada, avaliando qual das descrições ou imagens de
produto tem mais acesso nas opções “saiba mais” ou “detalhes”.
Embora o Lean Startup tenha
sido criado para empresas de software, são plenamente aplicáveis em outros
ambientes de empresas iniciantes, com ou sem suporte da tecnologia da
informação. O conceito tem forte relação com o Design Thinking e Custormer
Development (assunto de nossa próxima postagem - aguarde!).
Porque o movimento lean startup muda tudo.
Artigo de Steve Blank publicado na HBRB, disponível em:
Por que o Lean Startup é tão importante para todas as empresas e como
aplicá-lo ao seu negócio?
Artigo disponibilizado pela incubadora da COPPE/UFRJ, disponível
em:
Artigo"6
things wrong with the ‘Lean Startup’ model (and what to do about it)",
com críticas ao Lean Startup, disponível em:
Postagem do Blog Caixa de Ideias, com exemplos de MVP
6 Problemas do Modelo Lean Startup
Artigo com críticas ao Lean Startup
Eric Ries
e Lean Startup. Interessante? Sim. Revolucionário? Não!
Outro artigo com críticas não aos princípios
mas ao Lean Startup
Artigo da Exame com exemplos de startup que pivotaram
E se você precisa de um referencia de trabalho acadêmico ....
Monografia de Graduação de Engenharia da POLI-USP, com comparação de
metodologias de desenvolvimento de negócios inovadores.